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19º feminicídio no DF: Vítima lutou pela vida

O provável autor do crime também foi encontrado sem vida no local. O homem foi identificado como Adriel Muniz Teixeira e tinha 29

Segundo as informações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), mais uma mulher foi vítima de feminicídio nesta segunda-feira (13), em Brasília. Denise Rodrigues de Oliveira, de 30 anos, foi encontrada sem vida por volta das 9h30, dentro do seu apartamento na chácara 233 de Vicente Pires. Ela foi morta com golpes de facada no peito e no pescoço. Somente em 2024, este já é o 19º caso de feminicídio na capital federal.

O provável autor do crime também foi encontrado sem vida no local. O homem foi identificado como Adriel Muniz Teixeira e tinha 29 anos. As informações preliminares da polícia apontam que Denise lutou pela vida e, por esse motivo, existe a possibilidade de alguns dos ferimentos em Adriel terem sido causados durante o ato de defesa da mulher. A princípio, acreditava-se que o homem teria cometido suicídio, mas a versão pode mudar após os resultados da perícia.

Testemunhas afirmaram que Adriel e Denise tiveram um relacionamento anteriormente, que durou cerca de dois meses, mas que atualmente estavam separados. Denise era professora de uma escola particular e faltou ao trabalho na manhã de segunda. Os colegas, preocupados com a ação incomum, acionaram as autoridades para verificar o seu bem-estar e assim, os corpos foram encontrados. A ocorrência foi registrada na 38º Delegacia de Polícia.

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF), a corporação foi acionada em apoio à PMDF para realizar um arrombamento de uma porta, em virtude do desaparecimento de uma mulher, porém não houve necessidade, pois alguns conhecidos da dona do imóvel disponibilizaram a chave do local. “Ao adentrar à edificação, os militares encontraram um corpo feminino e um corpo masculino, ambos sem sinais vitais”, informou.

Moradores do local disseram que Adriel tentou entrar no prédio na noite anterior ao crime, no domingo (10), mas que não conseguiu. O homem teria esperado no local até a manhã do dia seguinte e supostamente teria encontrado uma oportunidade de invadir o imóvel no momento em que algum outro morador abriu a garagem do local. Imagens das câmeras de segurança do prédio mostram o suspeito andando em frente ao apartamento da vítima.

Ao Jornal de Brasília, uma jovem de 23 anos relatou ter visto Adriel na noite de domingo, em um bar na Asa Sul. Ela contou que o homem não estava sozinho e que estava consumindo uma grande quantidade de bebida alcoólica. “Ele estava insistindo em ficar com a minha amiga, mas ela recusou. Ele não faltou com respeito, mas ficou insistindo. Fomos embora umas 23h e ele continuou lá com um amigo”, explicou.

Crime cruel

Alguns colegas de Denise contaram ao JBr que ela era uma pessoa boa e divertida. “Ela sempre foi muito querida em qualquer local, não entendo porque isso aconteceu. Era incrivelmente doce e muito atenciosa com todo mundo”, comentou um deles, que preferiu não se identificar. Nas redes sociais, outros colegas lamentaram sua morte precoce dizendo que a professora não merecia ter passado por essa “crueldade”.

Uma mulher que conhecia Denise, pois as duas tinham uma amiga em comum, explicou ao Jornal de Brasília que conversou com a professora poucas vezes, mas que quando a viu dando aula percebeu que ela era doce e carinhosa com as crianças. “Uma vez a Denise me viu falando sobre o meu relacionamento abusivo e me disse que eu era linda e que eu precisava sair disso, mas eu não sabia do relacionamento dela”, acrescentou.

Em seu perfil no Instagram, Denise se auto declarava uma “colecionadora de sonhos”. Procurado pela reportagem, o Colégio Biângulo, onde a vítima trabalhava, comentou que ainda não teve contato com a família de Denise e que ainda não tem como prestar nenhuma informação sobre o assunto. “Uma notícia muito triste”, lamentou a instituição em nota. A professora passou a fazer parte do grupo docente este ano.

Em entrevista, o advogado especialista em violência de gênero Eduardo Felype Moraes explicou que os casos de feminicídio ainda são tão recorrentes devido a cultura machista presente no país. “O sentimento de misoginia e propriedade do homem com a mulher influencia de maneira significativa para que esse crime ocorra. Acredito que o poder público deva buscar mais formas de prevenção para esse crime”, pontuou.

“Podemos ressaltar por exemplo que, recentemente, a Lei nº 14.994/2024 trouxe um aumento de pena para o crime. Diante disso, a pena vai de 12 (doze) a 30 (trinta) anos para 20 (vinte) a 40 (quarenta) anos de reclusão. Aumento da pena, legislação mais dura e palestras são algumas das muitas formas de quebrar essa cultura machista e coibir este crime”, complementou o advogado.

Saiba Mais

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal informou que houve uma queda de 38% nos casos de feminicídio no DF no comparativo dos primeiros dez meses do ano. Foram 18 casos entre janeiro e outubro de 2024, contra 29 ocorrências no mesmo intervalo do ano de 2023. Apesar disso, os 19 casos deste ano já superam o total de casos de 2022, quando o DF marcou 18 ocorrências em 12 meses.

Dos casos registrados entre março de 2015 e setembro de 2024 no DF, atualmente 207 permanecem considerados como sendo de feminicídio. Conforme os dados da pasta, 20% dos casos no DF aconteceram aos domingos e 17% ocorreram na segunda-feira. A maior parte das ocorrências aconteceram entre as 18h e as 23h59 e o uso de arma branca continua sendo o meio mais utilizado pelos assassinos (52%).

Atualmente, a SSP-DF monitora 675 pessoas, sendo 87 vítimas pelo Dispositivo de Proteção às Pessoas, 76 agressores por tornozeleira eletrônica, além de 515 mulheres pelo sistema Viva Flor. Das vítimas monitoradas pelo Viva-Flor, 503 estão sendo monitoradas por meio de Medidas Protetivas de Urgência e 12 por medidas administrativas deferidas diretamente pelas autoridades policiais nas delegacias da Polícia Civil (PCDF).

“Neste ano, já foram contabilizadas 38 prisões de agressores de vítimas assistidas pelos programas da pasta. Em 2023, foram 33 prisões”, explica a pasta. Denúncias de violência contra a mulher podem ser feitas pelo e-mail denuncia197@pcdf.df.gov.br, pelo telefone 197, opção zero, ou pelo WhatsApp de número (61) 98626-1197. Para atendimento emergencial, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) disponibiliza o telefone 190.

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