Patrick Pereira foi último parente a ver Antônio Marcos, de 33 anos, vivo; motoboy foi amarrado durante atendimento e família alega negligência. Gestores da unidade afirmam que ele chegou ao local agressivo e que, ‘apesar de chocante’, medida foi necessária para contê-lo.
A família do motoboy Antônio Marcos, de 33 anos, ainda tenta se recuperar da morte do parente, que faleceu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Gama, no Distrito Federal, após ter um surto psicótico, no sábado (11). Vídeos feitos por testemunhas mostram o homem sendo contido e amarrado, com o rosto voltado para o chão, durante o socorro.
O primo Patrick Pereira foi o último parente a ver Antônio vivo, e relembra a alegria dele. “Foi uma morte que ninguém esperava. Nunca vi meu primo triste, sempre com sorriso de orelha a orelha. Ele animava qualquer ambiente”, afirma.
Antônio deixou mulher e uma filha de 6 anos. A família alega negligência no socorro e afirma que o motoboy tinha asma e foi mantido amarrado dentro da UPA. Já o Instituto de Gestão Estratégica em Saúde do DF (Iges-DF), responsável pela unidade, diz que recebeu o homem “contido mecanicamente em decorrência de agitação psicomotora e extrema agressividade”.
“Tal conduta, apesar de chocante, por vezes é necessária até o efeito desejado de medicações que controlem a agressividade (contenção química)”, diz o Iges-DF.
Segundo relatos, Antônio passou mal em frente a um comércio. Testemunhas gravaram, primeiro, o homem com o braço paralisado e dificuldade para falar. Outras imagens mostram ele sendo contido por pessoas que passavam pelo local e, em seguida, já imobilizado, na maca dos bombeiros.
Patrick afirma que, na tarde de sábado, Antônio pediu ajuda e, quando o primo chegou ao local para buscá-lo, o homem conseguiu pegar o carro e sair em disparada.
Antônio Marcos morreu após ter surto no Distrito Federal — Foto: Arquivo pessoal
De acordo com Patrick, o primo já tinha enfrentado episódios de surto. “Ele já teve essa crise antes, duas vezes, mas tinha muito tempo que ele não dava essa crise de não reconhecer nem familiar. Ele estava irreconhecível”, diz.