O primeiro modelo da marca equipado com motor V10 tem 520 cavalos de potência. Superesportivo vai de 0 a 100 km/h em apenas 4,2 segundos.
A Lamborghini modelo Gallardo S, avaliada em R$ 1,1 milhão e apreendida na segunda fase da Operação Huracán, pertenceu a figuras famosas dos mundos artístico e esportivo. Atualmente, o carro de luxo estava na garagem do influenciador digital Elizeu Silva Cordeiro, conhecido nas redes sociais como Big Jhoow. Ele é investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por lavagem de dinheiro e por movimentar milhões em rifas ilegais.
O carrão que seria rifado pelas redes sociais neste sábado (12/11) já foi de Latino. O cantor foi dono do possante de 2012 a 2013 e teria pago cerca de R$ 1,5 milhão pelo veículo. Latino costumava circular com a Lamborghini pela Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde mora. Anos depois, vendeu o carro.
O primeiro modelo da marca equipado com motor V10 tem 520 cavalos de potência, vai de 0 a 100 km/h em apenas 4,2 segundos e alcança velocidade máxima de 318 km/h.
A performance do carro italiano também chamou a atenção do jogador de futebol Diego Tardelli. O atacante teve passagens pelo São Paulo, Atlético Mineiro, Flamengo, Santos e pela Seleção Brasileira.
Veja fotos de Latino na Lamborghini apreendida pela PCDF:
A operação
Por meio da Coordenação de Repressão a Crimes Patrimoniais (Corpatri), a Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) deflagrou a força-tarefa nas primeiras horas desta quinta-feira (10/11), para desarticular um esquema milionário de rifas ilegais e lavagem de dinheiro com uso de empresas de fachada.
A segunda fase da Operação Huracán mira dois influenciadores digitais do DF e Minas Gerais que têm ligações com o youtuber Kleber Rodrigues de Moraes, conhecido como Klebim, preso temporariamente na primeira etapa da investigação.
Os mandados de busca e apreensão são cumpridos simultaneamente em Vicente Pires e Minas Gerais, pela DRF. O principal alvo da ação é o influenciador Big Jhoow.
O outro youtuber envolvido no esquema das rifas ilegais é Marcelo Alves Lopes, sócio oculto de Klebim, que não aparece nos sorteios e usa um espaço na Estilo Dub Shop, em Samambaia, pertencente ao influenciador preso na primeira fase.
A Justiça deferiu o sequestro de uma lancha de luxo, um jet ski e dois carros da marca italiana Lamborghini, avaliados, juntos, em R$ 5 milhões. Também serão bloqueados R$ 12 milhões distribuídos em várias contas bancárias.
Apesar de a lancha e o jet ski estarem na lista dos bens sequestrados, a PCDF ainda não localizou esses dois itens.
Empresas de fachada
Os investigadores identificaram que a outra ponta do esquema no DF ficava sob a responsabilidade de Marcelo Alves. O influenciador sorteia veículos sem autorização por meio de uma plataforma na internet, segundo a PCDF.
Marcelo já sorteou ao menos dois veículos e vários iPhones. Tanto Big Jhoow quanto ele usam empresas de fachada para lavar o dinheiro acumulado com as rifas ilegais.
A investigação mapeou ligações entre as empresas, confirmadas por meio de depósitos entre contas vinculadas às firmas de fachada. As apurações mostram que Marcelo é dono da BR Vendas e da ML Pagamentos e Comércio de Produtos Eletrônicos. Ambas deveriam estar em Taguatinga, mas não existem fisicamente.
A primeira teria sede em Taguatinga Sul, mas, no local, há apenas um lote com uma casa nos fundos. A segunda empresa estaria na QSC 19, no mesmo bairro, onde fica um prédio residencial. No andar indicado, os investigadores encontraram um apartamento desocupado.
Movimentações milionárias
As investigações também acompanharam o fluxo milionário que percorria a conta bancária dos influenciadores responsáveis pelas rifas ilegais. Tanto Big Jhoow quanto Marcelo Alves usavam laranjas para receber grandes quantias.
Em apenas dois meses, a conta de Marcelo Alves, que tem renda presumida de R$ 4 mil, recebeu R$ 3,1 milhões.
Já Big Jhoow movimentou R$ 5,3 milhões em apenas sete meses. Ele se apresenta como leiloeiro com uma suposta renda mensal de R$ 5,3 mil.
O influenciador mineiro é dono dos dois superesportivos apreendidos na operação. O primeiro é a Lamborghini amarela modelo Gallardo S, ano 2011. O segundo veículo é um Huracán Spyder LP580-2, ano 2017, avaliado em R$ 3,3 milhões.
O que diz a lei
Sobre as rifas feitas pelos dois alvos da PCDF, a Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade (SEAE) da Secretaria Especial de Produtividade e Competitividade (Sepec) do Ministério da Economia informou que a licença disponível no site usado pelos influenciadores não se refere a autorização do órgão.
Segundo a SEAE, “a mecânica utilizada não se trata de uma promoção comercial; na verdade, assemelha-se a ‘rifa’, a qual é considerada modalidade de jogo de azar, tipificado no Brasil como contravenção penal, segundo a Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41)”.