Cristovão Tormin teria aprovado o fim do mandato para fechar contrato fraudulento com empresa que vendia testes para doença.
Os investigadores da Polícia Federal suspeitam que o ex-prefeito Cristovão Tormin tenha desviado pelo menos R$ 1,6 milhão de recursos federais que deveriam ter sido aplicados em ações de combate/prevenção à covid em 2020. A apuração levou a PF a realizar a Operação Últimos Atos, nesta quarta-feira (05), visando cumprir nove mandados de busca e apreensão nas cidades de Luziânia e Goiânia.
As medidas foram deferidas pela 11ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária de Goiás. A polícia aponta que o rombo aconteceu nos últimos dias do mandato de Cristovão, em 2020. Os agentes suspeitam de fraudes no âmbito de dois contratos celebrados pelo Fundo Municipal de Saúde, um deles para a aquisição de 15 mil testes para covid e o outro que possuía por objeto a produção de vídeos institucionais relacionados às ações de combate à pandemia.
Ao longo das investigações, constatou-se um superfaturamento de cerca de 64% no que concerne ao contrato celebrado com uma empresa de Goiânia, que seria a responsável pelo fornecimento dos testes. Embora o município tenha procedido com o pagamento do valor total de R$ 1.950.000 houve a efetiva comprovação de entrega de apenas 3.850 testes, o que geraria uma obrigação de pagamento em favor da contratada de R$ 500.500.
Por outro lado, o contrato para fins de produção de vídeos institucionais, também firmado junto a empresa de Goiânia/GO, não chegou a ser executado. Não houve nenhum retorno social, em contrapartida, aos R$ 450.000,00 pagos pelo município. Após provocada, a empresa chegou a apresentar sete vídeos que, supostamente, haviam sido produzidos para fins de cumprimento do objeto contratual. Após análises, restou demonstrado que as peças publicitárias, aparentemente, decorrem de simples “montagens” e ou foram plagiadas de campanhas de outros entes federativos, tendo sido apenas os slogans alterados para o da Prefeitura de Luziânia.
Soma-se aos prejuízos causados à saúde do município, o fato de que os dois contratos implicaram no desvio de cerca de R$ 1,6 milhão de recursos da União. Além do direcionamento das contratações e demais vícios formais relacionados aos procedimentos licitatórios, há indícios de que parte dos referidos valores tenham sido utilizados para fins de pagamento de vantagens indevidas em favor de agentes públicos, à época, ligados à Prefeitura de Luziânia.