Bem-vindo – 20/06/2025 19:11

Presos do DF reclamam e dizem ficar até 19 horas sem comer nada.

Segundo documento de órgão vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos, presos passariam por jejum forçado. Familiares farão manifestação

Levantamento do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura – órgão autônomo vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania – mostra que presos no Distrito Federal seriam submetidos a jejum forçado. Segundo o Relatório de Inspeções realizadas no Distrito Federal (Centro de Detenção Provisória II e Penitenciária Feminina), as detentas da Colmeia chegam a ficar até 19 horas sem comer.

“Não é servido desjejum/café da manhã na unidade, pois essa alimentação referente ao ‘café da manhã’ é servida junto com a janta do dia anterior, aproximadamente às 16h30 da tarde, impondo às custodiadas um jejum diário de 19 horas”, diz o relatório.

O levantamento ainda apresenta que o arroz é fornecido recorrentemente sem estar cozido e que haveria dificuldades de ingeri-lo. “Foi destacado que a carne não é fornecida com o cozimento adequado. Ademais, recebemos vários relatos de que as marmitas têm vindo ‘azedas’, ‘com pedras e bichos’, e que o achocolatado, por vezes, vem estragado”, consta no documento.

“É de se questionar a qualidade da comida quando as pessoas relatam fome e descartam o alimento”, analisa a doutora em direito pela Universidade de Brasília (UnB) Carolina Barreto Lemos. Ela é membro do órgão do governo federal que elaborou o relatório. De acordo com a especialista, os presos da Papuda também passam longas horas sem alimentação.

“Das 16h até o dia seguinte, não é entregue mais nada. Tem um jejum forçado de mais de 12 horas”, denunciou a especialista.

Para Carolina, a fome é uma forma de punição, um método de tortura, já que a pena é a privação da liberdade. Além do levantamento específico do DF divulgado neste ano, a pesquisadora foi uma das que elaborou o Relatório Anual 2022, divulgado na última quarta-feira (16/8), com o cenário nacional de instituições que privam à liberdade. No documento, ressalta que o Brasil tem a terceira maior população prisional do mundo, sobrevivendo à superlotação, sem livre acesso à água potável, alimentação restrita e de má qualidade.

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