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Médica presa por exercício ilegal da profissão diz que nunca se apresentou como nutróloga

Na ocasião, ela também apresentou os alvarás que a clínica possui

A médica Bianca Borges Butterby, acusada de exercício ilegal da profissão e propaganda enganosa, em Goiânia, conversou com o Mais Goiás sobre o caso. Detida em 20 de maio, mas liberada dias depois, ela esclareceu ponto a ponto as acusações da Polícia Civil, como de seu trabalho, da ausência de alvará e de uma suposta academia clandestina.

Sobre “exercício ilegal da profissão”, ela reforça que nunca se intitulou nutróloga. Explicou, ainda, que para conseguir o registro de especialista na área de nutrologia (como nas demais) é possível por meio de residência médica ou pós-graduação, com tempo de experiência comprovada, para então fazer a prova de título. “No caso da nutrologia, as vagas são escassas: 15 no País, mas nenhuma em Goiás. Por isso, é tão comum a pós-graduação. Os editais são anuais e variam para a prova, mas, em média, é preciso 4 anos de comprovação clínica médica, além de 4 anos a 6 anos de experiência na nutrologia. Ou seja, é preciso atuar para fazer a prova e eu tenho 6 anos de atuação. Mas nunca disse ser nutróloga. Me apresento como médica”, detalha.

Ela também apresentou os alvarás que a clínica possui (prefeitura, Vigilância Sanitária e bombeiros). “A clínica tem desde o ano passado e, no caso da Vigilância, foi renovado no começo deste ano.” Já acerca da “academia clandestina”, ela diz se tratar de uma sala no mesmo espaço, em frente à recepção, onde atuam fisioterapeutas e educadores físicos. Por se tratar do mesmo CNPJ, utiliza a mesma documentação e está regularizado.

Por fim, ela enfatiza que nunca fez contrabando de medicação, pois todos os remédios utilizados na clínica são comprados com nota fiscal de empresas idôneas, com alvarás exigidos pelas autoridades. “Tudo é 100% regularizado”, afirma e garante: “E o Mounjaro nunca entrou na clínica. A caneta é só em farmácia ou via importação, que nunca fiz.”

Saúde

No momento, Bianca está sem trabalhar. Após a prisão, ela foi internada e precisou de um procedimento cirúrgico no fígado, por pico hipertensivo devido ao estado emocional. Após passar pela UTI, ela chegou em casa em 5 de junho, mas segue afastada por questões médicas. “Vou ser reavaliada, mas não sei quando volto a trabalhar. Preciso, mas não tenho condições clínicas.”

Caso

Bianca chegou a ser presa em flagrante em 20 de maio, mas liberada cinco dias depois. Conforme a denúncia, ela prometia emagrecimento rápido aos seus seguidores. Investigações conduzidas pela Polícia Civil apontaram que a médica prescreveu medicamentos redutores de apetite e armazenou fitoterápicos usados em tratamentos de emagrecimento em uma clínica no setor Bueno, que funcionava sem o alvará da Vigilância Sanitária. Além disso, uma academia clandestina também estaria no mesmo local. Durante depoimento, uma das vítimas afirmou que pagou R$ 2 mil por acreditar que seria atendida por uma nutróloga. A médica também aplicava monjauro nos pacientes, prática não autorizada, segundo a corporação.

À época, ao Mais Goiás, a defesa negou as acusações e reforçou que “Bianca é médica regularmente formada pela UFG, inscrita no Cremego, com ampla qualificação técnica e científica. Possui pós-graduação lato sensu em Nutrologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein, prática clínica pelo Giorelli Nutrologia, e certificações da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) em áreas como obesidade, síndrome metabólica e bariátrica”. E ainda: “A profissional atua legalmente em clínica devidamente regularizada, não havendo qualquer indício de prática ilícita ou irregularidade administrativa que justificasse a medida extrema adotada pelas autoridades.”

Conselho Regional de Medicina afirma que a médica está inscrita no órgão

Por meio de nota, também à época da prisão, o Conselho Regional de Medicina (Cremego) afirmou que a profissional e a clínica estão regularizadas e inscritas no conselho. “Até o momento, não temos qualquer comprovação de divulgação de especialidade médica não registrada no Conselho. Ainda que isso tivesse ocorrido, a apuração ética seria de competência exclusiva do Cremego e jamais justificaria a prisão da médica.”

Ainda no documento divulgado, o Conselho afirmou que vai instaurar uma sindicância para apurar os fatos. “O Cremego vai instaurar uma sindicância para apurar se há indícios de infração ética na conduta da médica ou no funcionamento da clínica onde atua”.

Nova decisão

Nesta semana, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) acolheu habeas corpus para revogar as medidas cautelares diversas da prisão da médica. Entre as medidas, fica extinta a obrigação de recolhimento noturno da profissional. Além disso, a Corte também reduziu o valor de R$ 250 mil de fiança para dez salários mínimos. Advogado de Bianca, Jaroslaw Daroszewski Fernandes (Darô Fernandes) comemorou a decisão, uma vez que a cliente dele estava impedida de trabalhar à noite e fazer plantões como médica. “Advogo há mais de 10 anos e, mesmo nos momentos mais difíceis, nunca deixei de acreditar: a justiça existe”, disse. “Hoje vencemos mais uma batalha. E seguimos firmes.”

Também estão na defesa da acusada os advogados Henrique Luiz Éboli, Leonardo Henrique Chaves Eboli e Henrique Luiz Eboli Junior.

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