ADPF reforça autonomia e imparcialidade das investigações após ex-governador de Goiás chamar operação Panaceia de “armação odienta”; caso envolve supostos desvios na saúde pública.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) emitiu uma nota oficial repudiando as acusações feitas pelo ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, sobre suposta ingerência política na operação Panaceia. A operação, deflagrada na última quinta-feira (6), mirou o presidente nacional do PSDB, que também é investigado por supostos desvios em contratos na saúde estadual.
Em sua nota, a ADPF afirmou que a superintendente da Polícia Federal em Goiás, Marcela Rodrigues, e todos os delegados responsáveis pela investigação atuam com total autonomia e imparcialidade, como preconizado pela Constituição. A associação destacou que, diferentemente das denúncias de Perillo, as operações são realizadas com respeito à legalidade e sob a supervisão do Ministério Público Federal e do Poder Judiciário.
Acusações e contexto político
Marconi Perillo, em vídeos e publicações nas redes sociais, acusou a operação de ser uma “armação odienta“, dizendo que a ação tinha motivações políticas e que os fatos investigados ocorreram há mais de sete anos. Ele também questionou a legitimidade da investigação, alegando que a operação foi “encomendada”.
A ADPF rechaçou uma tentativa de politizar a operação, reiterando que é comum que envolvidos em investigações tentem desqualificar o trabalho da Polícia Federal, chamando-o de perseguição política. “Infelizmente, tornou-se lugar comum alegar que as operações realizadas pela Polícia Federal com estrita observância da Constituição são atos de perseguição política”, afirmou a associação.
Operação Panaceia
A operação foi autorizada após uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que determinou a continuidade das investigações envolvidas Marconi Perillo. Os contratos investigados envolvem a Organização Social Instituto Gerir, que geriu hospitais estaduais de Goiás entre 2012 e 2018, e o escritório do advogado João Paulo Brzezinski, que também atuou como defensor pessoal de Perillo. O inquérito apura desvios de R$ 4,79 milhões recebidos pelo escritório e R$ 7,42 milhões pagos a empresas ligadas ao advogado.
A defesa de Perillo já tinha conhecimento do andamento das investigações, e o ex-governador tem se mostrado ativo em questionar a legitimidade da operação, acusando o governo de Goiás de tentar criar uma narrativa para explicar os atos da Polícia Federal.