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Casal acusado de movimentar finanças do Comando Vermelho é considerado foragido

Jeiziel e Ana Paula utilizavam um esquema que envolvia o uso de contas bancárias de familiares, inclusive a mãe idosa da mulher e os próprios filhos adolescentes

As autoridades consideram o casal Jeiziel de Oliveira Rosa e Ana Paula da Silva Barreto, apontados como os responsáveis pelo setor financeiro da facção Comando Vermelho em Goiás, foragido após o Ministério Público (MPGO) deflagrar, na terça-feira (18), a Operação Cifra Vermelha. Segundo o órgão, a dupla movimentou cerca de R$ 28 milhões em menos de dois anos. Para lavar o dinheiro do CV, conforme o MP, a dupla utilizava um esquema que envolvia o uso de contas bancárias de familiares, inclusive a mãe idosa da mulher e os próprios filhos adolescentes, além de empresas de fachada e compra de gado para dissimular a origem do dinheiro do tráfico.

tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Ana Paula, por receptação, tráfico de drogas e condução de embarcação ou aeronave sob efeito de drogas.

Ela chegou a ser foi presa por receptação em 2022 e foi solta após pagar fiança de R$ 1.220. Já Jeiziel foi denunciado em 2020 após a abordagem em Aparecida de Goiânia. No carro dele, a Polícia Militar encontrou 50 munições de uso restrito e porções de cocaína. Já na casa, os policiais encontraram mais armas, munições, ecstasy e maconha.

“Ele circunda atividades criminosas, que permeiam a atuação da facção criminosa, há quase uma década. Não existe um processo em que se imputa a ele a integração de organização criminosa, mas isso é algo que essa investigação trará”, informou o MP. Investigações apontam que o casal pode não estar mais em Goiás.

Operação Cifra Vermelha

Ao todo, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva e temporária pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPGO em parceria com o Comando de Operações de Divisas (COD) da Polícia Militar (PM). Um contador, responsável pela criação das empresas de fachada, foi preso. O casal apontado como líder do esquema, porém, não foi encontrado e segue foragido.

Foram apreendidos ainda dinheiro, armas, munições, aparelhos eletrônicos e veículos. O material recolhido passará por análise para identificar outros possíveis núcleos financeiros da facção no estado.

As investigações, iniciadas há um ano, avançaram após a quebra de sigilo telemático dos suspeitos, permitindo a análise de comunicações e do fluxo financeiro operado pelo grupo. Segundo o Ministério Público, Jeiziel exercia o papel de autor intelectual do esquema, enquanto Ana Paula era responsável pelo controle das finanças.

De acordo com os investigadores, integrantes do Comando Vermelho criaram empresas de fachada exclusivamente para receber, ocultar e difundir recursos obtidos com o tráfico de drogas. As movimentações eram fracionadas: pequenos valores eram depositados diariamente em diversas contas ligadas ao grupo, principalmente em casas lotéricas, operação que, somada, resultava em milhões de reais em transações.

Na tentativa de dar aparência lícita ao dinheiro, o casal também investia na compra de gado, setor no qual foram identificados gastos que totalizam R$ 28 milhões. O esquema envolvia ainda familiares dos investigados, incluindo o uso de contas bancárias abertas em nome dos filhos adolescentes, de 12 e 14 anos, para ocultar valores enviados por traficantes da facção no estado.

O tenente-coronel da PMGO Daniel Machado destacou que Ana utilizou até o nome da própria mãe, aposentada com salário bruto de R$ 2.400, para abrir contas e realizar movimentações. “Em três das inúmeras transações realizadas foram contabilizados mais de R$ 1,6 milhão”, afirmou.

Impacto financeiro e prisões

Para os promotores responsáveis, o principal resultado da operação foi o sequestro de R$ 28.108.51,70 em contas bancárias ligadas ao grupo, além da apreensão de veículos. “Isso traz um impacto direto em toda a operação da facção criminosa, já que esse dinheiro vai deixar de financiar pilares da organização, como a compra de armas e drogas”, avaliaram.

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