O homem seria o pai da criança que a gestante Gerava
Um cirurgião-dentista e uma técnica de enfermagem são apontados como os responsáveis pela administração do medicamento que matou a jovem de 20 anos durante uma tentativa de aborto clandestino em um quarto de motel, em Ceres, no último sábado (2). O homem, que seria o pai da criança, e a atual namorada dele foram presos em flagrante e tiveram a prisão convertida em preventiva durante audiência de custódia. Para o juiz, o casal estava ciente de que o procedimento ilegal poderia causar a morte da vítima.
Em depoimento, o profissional de saúde relatou que havia namorado com a jovem e ela disse que estava grávida dele. O homem alegou que se comprometeu em ajudar a ex no que ela resolvesse fazer, mas segundo o suspeito, a vítima, identificada como Gabriela Patrícia de Jesus Silva, teria decidido interromper a gestação.
Aborto em quarto de motel
O dentista relatou que pesquisou sobre o que poderia usar para realizar o aborto e, com a participação de sua atual companheira, que é profissional de enfermagem, manipulou o medicamento utilizado para morte do feto. Ele afirmou ainda que Gabriela estava ciente do risco de morte e, mesmo assim, quis realizar o procedimento.
Logo após receber as duas doses do abortivo, que foi diluído e aplicado por endovenosa, Gabriela sofreu convulsões e perdeu a consciência. Ela foi levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) pelos próprios suspeitos, mas não resistiu.
A manipulação dos medicamentos foi realizada pelo suposto pai do bebê (Foto: reprodução / redes sociais)
De acordo com a Polícia Militar, o casal foi questionado pela equipe médica sobre as marcas de perfurações no braço da vítima, os suspeitos admitiram que haviam tentado realizar um aborto. A UPA acionou a polícia, que apreendeu parte do material descartado no local.
Material usado no aborto foi descartado na UPA (Foto: reprodução)
A Polícia Civil autuou os dois profissionais por aborto com consentimento (art. 126), aborto resultando em morte (art. 127) e participação (art. 29) do Código Penal. Exames toxicológicos, laudos periciais e oitivas de testemunhas estão em andamento para concluir o inquérito.
O Conselho Regional de Enfermagem de Goiás (Coren-GO) informou que acompanha o caso e que a conduta da profissional será analisada à luz da ética e da legislação. Já o Conselho Regional de Odontologia de Goiás (CROGO) destacou que o caso não tem relação com o exercício da Odontologia, mas disse monitorar os desdobramentos da investigação.