Dono de escritório de recuperação de crédito diz que o objetivo é oferecer oportunidade para pessoas com antecedente criminal, em Goiás.
foto : carro do anúncio
Um carro de som contratado por uma empresa tem chamado a atenção de moradores ao anunciar vagas de emprego exclusivas para “ex-presidiários”, em Itaberaí, na região central de Goiás, a 103 km da capital. o veículo passa por uma rua da cidade fazendo o anúncio.
O empresário Rodrigo Ferreira Nunes, de 32 anos, dono do escritório de recuperação de crédito, disse ao Metrópoles que o objetivo é garantir oportunidade de trabalho para essas pessoas.
“A empresa Águia Nunes está contratando ex-presidiários para trabalhar como cobrador de dívidas. Os interessados deverão enviar currículo pelo e-mail ou por WhatsApp”, diz o anúncio reproduzido pelo carro de som.
O empresário afirmou que as vagas fazem parte de ação de ressocialização oferecida pela empresa, registrada no mercado há 11 anos. A busca por novos profissionais começou na quinta-feira passada (18/8) e continua na cidade. “Estou analisando os perfis”, afirmou ele.
Preso por pirataria
Nunes contou que já ficou preso, durante dois dias, em 2013, por ser flagrado com 283 DVDs piratas para vender, em Itaberaí, no momento em que o negócio passava por situação difícil. Depois, voltou a atuar com cobrança de dívida.
O empresário disse conhecer casos de ex-presidiários que cumpriram penas por furtar carne em mercado em um momento de vulnerabilidade social e perderam ou não conseguiram oportunidades de trabalho por causa de antecedente criminal.
“Cabe ao Judiciário punir, não às empresas nem à sociedade. Se uma pessoa está solta porque cometeu um crime, não há motivo para julgar. Infelizmente, a primeira coisa que muitas empresas fazem é excluir a pessoa do processo seletivo quando descobrem ou já pedem de antemão a ficha de antecedentes criminais”, afirmou Nunes.
A principal atividade do escritório é cobrar dívidas em atraso. Os clientes são supermercados, lojas de roupas, de calçados, de móveis e comércio em geral, que têm uma lista de clientes devedores. O empresário nega que essas contratações sejam um método de intimidação contra os clientes.
Funcionários
“Já temos dois ex-presidiários no nosso quadro de funcionários. Essas pessoas precisam trabalhar e, em alguns casos, recomeçar a vida por meio do emprego”, contou o empresário. “A gente precisa contratar essas pessoas senão elas voltarão para o crime até morrer”, acrescentou.
O empresário disse ter recebido mais de 10 currículos. Segundo Nunes, um jovem de 22 anos já está em fase de treinamento. “O rapaz saiu correndo atrás do carro de som quando viu o anúncio e pediu muito para que fosse contratado porque precisava trabalhar. A gente se sensibilizou, analisou tudo e começou o período de experiência”, afirmou.