Bem-vindo – 28/11/2025 05:56

Ex-prefeito e ex-primeira-dama voltam para cadeia após farsa em julgamento

Crime político, emboscada, traição e reviravolta na Justiça: caso volta à estaca zero e novo júri será marcado

O assassinato do ex-prefeito Geraldo Nicolau Filho, o “Curica”, ganhou novo capítulo quase dez anos após o crime que chocou o interior de Goiás. A Justiça acatou um recurso do Ministério Público e anulou o julgamento que, em novembro de 2024, havia condenado o também ex-prefeito de Estrela do Norte, Wellington José de Almeida, a 16 anos de prisão, e inocentado sua esposa, a ex-primeira-dama Elaine Cristina Vaz.

A decisão da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Goiás, tomada de forma unânime no último dia 3 de junho, considerou que houve violação grave ao princípio da incomunicabilidade dos jurados — ou seja, integrantes do júri teriam sido influenciados antes do julgamento, em contato direto com os réus e seus advogados.

Com a anulação, o processo volta à estaca zero: um novo julgamento será realizado, com outro grupo de jurados. Enquanto isso, Wellington e Elaine foram novamente presos, por decisão do juiz Thiago Mehari, para evitar que interfiram na ação penal.

Assassinato em motel e crime encomendado

O crime aconteceu em 1º de outubro de 2015, em um motel às margens da BR-153, na zona rural de Mara Rosa. A vítima, Geraldo Nicolau Filho — que também já havia sido prefeito de Estrela do Norte — foi atraída até o local por Anésia Xavier, cunhada de Wellington, com quem mantinha um relacionamento extraconjugal.

Foi uma emboscada: enquanto Curica estava distraído, foi alvejado com oito tiros à queima-roupa, pelas costas. Os disparos teriam sido feitos por Wellington e seu parente Waldivino José de Almeida, já condenado anteriormente e que cumpre pena.

Segundo o Ministério Público, o crime teve motivação torpe e foi meticulosamente planejado. As investigações apontam que Elaine Cristina Vaz, esposa de Wellington, foi a verdadeira mentora intelectual do assassinato. Ela teria coordenado todo o esquema, do monitoramento dos passos da vítima até a gravação de vídeos do crime, nos arredores do motel.

Provas colhidas durante as investigações incluem interceptações telefônicas, laudos periciais e vídeos de celular.

Prisão no portão da cadeia

Com a anulação da condenação, Wellington recebeu alvará de soltura. Mas a liberdade durou pouco: o MP entrou com pedido imediato de prisão preventiva, temendo novas tentativas de manipular o júri. O juiz Thiago Mehari atendeu o pedido, e a polícia cumpriu as ordens ainda na manhã do dia 4.

Wellington foi preso no momento exato em que deixava a unidade prisional. Já Elaine, que o aguardava do lado de fora para levá-lo de volta para casa, acabou presa no estacionamento.

A promotora Gisele de Sousa Campos Coelho, que atua no caso, justificou a prisão com base na gravidade do crime e no risco de os réus interferirem novamente no processo. “Demonstraram disposição em corromper a lisura do Tribunal do Júri”, afirmou.

Agora, o caso segue para um novo julgamento, que ainda não tem data marcada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *