Segundo a SMS, 84% das emendas federais destinadas ao Hospital Araújo Jorge nos últimos dois anos, por exemplo, não chegaram aos cofres.
Uma auditoria da Secretaria de Saúde de Goiânia (SMS) aponta que nos últimos dois anos de gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (SD), pelo menos 13 emendas parlamentares da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), da Câmara dos Deputados e Senado Federal, não chegaram ao destino final delas, que seriam hospitais e entidades filantrópicas que atuam na Saúde da capital, que vive um caos desde o início de 2024.
Somente do senador Vanderlan Cardoso (PSD), segundo revelou o prefeito Sandro Mabel (UB), são R$ 23 milhões que deveriam ser repassados para a Saúde, mas que chegaram no Paço Municipal, e de alguma forma não foram repassadas, sobretudo durante a gestão do ex-secretário Wilson Pollara, que chegou a ser preso por irregularidades cometidas durante sua gestão à frente da pasta.
Para o Hospital Araújo Jorge, uma das principais referências no combate ao câncer na região centro-oeste do Brasil, Vanderlan encaminhou cerca de R$ 1,3 milhões para o incremento no atendimento da unidade, dinheiro que não foi repassado. Segundo a SMS, 84% das emendas federais destinadas ao hospital nos últimos dois anos não chegaram aos cofres.
Em entrevista à TV Anhanguera, Mabel disse que reúne documentos para apresentar ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e ao Ministério Público de Goiás (MPGO), que poderão investigar o destino dos valores. “As emendas chegaram na prefeitura e foi para algum lugar que não foi o destino dele. Eles [gestão Rogério Cruz] trabalhavam com o dinheiro três, quatro meses, e nós não, temos cinco dias para repassar”, disse o prefeito.
Santa Casa
Além do Araújo Jorge, que ao todo, estima-se que deixou de receber pelo menos R$ 7 milhões de emendas, a Santa Casa de Misericórdia também foi afetada com o não recebimento de R$ 14 milhões. De três emendas que somam mais de R$ 3 milhões, duas foram canceladas e somente uma foi paga. O dinheiro seria usado para ampliar o número de cirurgias e trocar a rede elétrica da unidade.
Outra apuração interna que está em andamento é o paradeiro de R$ 110 milhões, adiantados pela gestão de Rogério Cruz para o pagamento da folha salarial dos últimos meses de sua gestão. De acordo com a Prefeitura de Goiânia, o dinheiro não foi repassado e um “buraco” foi deixado nos cofres públicos.