Bem-vindo – 16/10/2025 15:44

Gustavo Mendanha propõe que Estado faça aporte bilionário na Enel

Candidato do Patriota ao governo de Goiás defende que Estado repasse R$ 2 bilhões para Enel expandir linhas de transmissão de energia elétrica no Estado; um dos fiadores da candidatura de Mendanha, Sandro Mabel tem atuado na defesa da empresa italiana.

foto : Sandro Mabel e Mendanha

Depois de declarações polêmicas, como criticar o TSE e as urnas eletrônicas, Gustavo Mendanha, candidato do Patriota ao governo de Goiás, voltou a fazer uma proposta controversa por meio de suas redes sociais. O ex-prefeito de Aparecida de Goiânia afirmou que em um eventual governo seu iria aportar – ao que tudo indica na concessionária Enel – ao menos R$ 2 bilhões para a expansão da rede de transmissão de energia elétrica em Goiás. Para ele, seria uma forma de sanar o problema de falta de energia em Goiás. Segundo especialistas no assunto, no entanto, o problema da energia em Goiás não decorre da falta de linhas de transmissão e cabe à própria Enel, por contrato, fazer os investimentos necessários para assegurar a qualidade do serviço.

A declaração de Mendanha se deu depois que o governador Ronaldo Caiado (União Brasil), em entrevista ao jornal O Popular/Rádio CBN, afirmou que o fator limitador para o crescimento do Estado é a falta de energia e a má qualidade do serviço prestado pela empresa italiana, sucessora da antiga Celg-D, estatal goiana que foi privatizada em 2016, na gestão Marconi Perillo (PSDB). Na sua postagem, Mendanha diz concordar com Caiado e afirma ter a solução: “Investir em 800 km de novas linhas de transmissão, construir 12 novas subestações de energia e reformar outras 20”.

O custo dessa empreitada, segundo ele, seria de R$ 2 bilhões, bancados com recursos do Estado. Mendanha tem como um dos principais aliados e fiadores da sua campanha o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, defensor contumaz da Enel. Mabel chegou a promover, recentemente, audiências públicas para defender a concessionaria, como contraponto às declarações do governador de que vai trabalhar em Brasília para que a empresa perca a concessão, devido ao não cumprimento das metas de qualidade do serviço estipuladas em contrato.

Ao afastarem a hipótese de que faltam linhas de transmissão em Goiás, especialistas dão como exemplo a escassez de energia na região Metropolitana de Goiânia e em outras áreas urbanas, como Aparecida de Goiânia e Anápolis, onde não faltam linhas de transmissão. Os maiores problemas hoje são com a distribuição e o sucateamento do sistema, que envolve investimentos em novos equipamentos e em pessoal para a manutenção preventiva.

O cálculo do setor é de que seriam necessários R$ 6 bilhões de investimentos para alcançar a meta de qualidade estabelecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Algo que tem de ser custeado pela própria Enel, e não pelo Poder Público. Entre as três piores distribuidoras de energia elétrica do país, a Enel Goiás, que estaria em vias de ser vendida, diz que tem feito investimentos para garantir a continuidade dos serviços e para aumentar a capacidade de fornecimento de energia elétrica. No entanto, a empresa não alcançou os indicadores mínimos determinados pela Aneel e pode perder a concessão.

Antes mesmo de assumir o governo, ainda na condição de senador da República, Ronaldo Caiado fez duras críticas à concessionária e chegou a cogitar a encampação da empresa quando assumiu o governo, em 2019, mas foi alertado que seria juridicamente impossível, uma vez que a concessão do serviço de energia elétrica pertence à União e não ao governo estadual. Em 2020, o governador chegou a sugerir que a Enel vendesse a concessão dela para outra empresa que tivesse condições de fazer os investimentos necessários. Na época, a Enel assegurou que faria os investimentos previstos para alcançar as metas da Aneel.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *