Segundo magistrado, policiais atiraram “com a finalidade de repelir a agressão injusta que partiu da vítima”
A Justiça absolveu Fabíola Cavalcante de Sousa e Robson Massaki Watanabe, policiais militares acusados de matar um ex-lutador de MMA durante uma abordagem no Jardim América, em Goiânia, em agosto de 2022.
José Carlos Alves Coimbra, 49 anos, que se encontrava sob um possível surto psicótico, é atingido pelos disparos. Na decisão, assinada pelo juiz Lourival Machado da Costa, da 2ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida, o magistrado sustenta que os policiais atiraram “com a finalidade de repelir a agressão injusta que partiu da vítima”.
“Os acusados se dirigiram até o local dos fatos com a finalidade de conter a vítima, que aparentava estar vitimada por um surto agressivo, e já havia agredido outras pessoas e danificado um veículo, sem qualquer motivo aparente, conforme relato das testemunhas”, declarou o juiz.
Em sua explicação, o juiz ainda mencionou a desproporção do “porte físico avantajado da vítima” em relação a dos acusados. Dez populares teriam tentado conter e amarrar José e não teriam conseguido.
“Embora a vítima estivesse desarmada, ainda assim, sua compleição física e seu estado emocional desequilibrado lhe proporcionava uma significativa vantagem de força física sobre os acusados”, reforçou.
Ministério Público irá recorrer da decisão
Ministério Público de Goiás (MPGO) afirmou que recorrerá da sentença. O órgão sustentou, em denúncia pelo crime de homicídio, que José era portador de uma doença psiquiátrica e que ele era medicado contra ela. Pontuou também que “existem indícios que ele havia parado o tratamento”.
Em audiência, o policial Robson Massaki contou que a vítima teria ameaçado os policiais após subir no capô da viatura. “Desceu da viatura, rodeou a viatura, aí foi na hora que ameaçou a gente. Falou que ia tomar a arma da gente e ia matar”, esclareceu o policial. Ambos os confirmaram que cada um deu um disparo e que os dois tiros atingiram José.
Na época, o comandante do policiamento de Goiânia, coronel Durvalino Câmara, disse que os militares agiram em legítima defesa e que eles não estavam preparados para para lidar com a imobilização de um homem em surto psicótico.
Segundo o coronel, fazer disparos em membros inferiores com a pessoa em movimento é muito difícil e, por isso, os policiais não atiraram com o objetivo de contê-lo enquanto ele se movimentava pela rua.