Vandir Correia Silva, suspeito de matar Emily de Araújo, confessou crime, mas foi liberado em audiência de custódia. Justiça diz que MP e polícia não pediram manutenção da prisão; promotores citam falta de justificativa e PCDF afirma que investigações não foram concluídas.
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A mãe da adolescente Emily Fabrini de Araújo, de 14 anos, não se conforma com a soltura de Vandir Correia Silva, de 21 anos, o homem que confessou ter cometido o crime. Emily foi encontrada morta no sábado (10), e o rapaz foi preso em flagrante, mas liberado em audiência de custódia.
A decisão que liberou o suspeito é da juíza Monike de Araújo Cardoso Machado, e foi tomada na segunda-feira (12). Na determinação, ela afirma que “não houve requerimento de prisão pelo Ministério Público nem pela autoridade policial”. Segundo a magistrada, não é permitida “a decretação da prisão preventiva de ofício pelo Juiz”.
O Ministério Público afirma que, no momento da audiência, “não havia elementos que justificassem a decretação da prisão preventiva para garantia da ordem pública”. Já a Polícia Civil diz que ainda faltam testemunhas a serem ouvidas, além do resultado do laudo final de morte, para decidir pela prisão preventiva do suspeito.
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Segundo o MP, caso novas provas surjam a partir da investigação, é possível que o pedido de prisão preventiva seja feito. Por enquanto, Vandir Correia Silva é monitorado por tornozeleira eletrônica. Ele também tem a obrigação de manter o endereço atualizado junto ao Tribunal do Júri de Taguatinga e de se recolher, em casa, das 19h às 5h. Para a mãe de Emily, o homem é uma ameaça. “Se ele teve coragem de fazer isso com uma criança, ele pode fazer com qualquer outra pessoa. A barbaridade que ele fez com ela, eu nunca na minha vida aceito”, afirma.
O que dizem especialistas?
Para o especialista em segurança pública Julio Hott, a prisão preventiva do suspeito poderia ter sido decretada pela Justiça. “O juiz não pode deixar de transformar essa prisão, quando essa prisão é legal, em prisão preventiva, alegando que o delegado não requereu essa prisão preventiva”, afirma.“Em que pese, mesmo que o promotor tenha opinado, declinado contra essa prisão, alegando que poderia ser substituída por outra medida cautelar, como por exemplo, foi no caso o uso de tornozeleira. Acontece que trata-se de um crime, possivelmente, de um feminicídio”, continua.
Crime

O corpo de Emily Fabrini de Araújo foi encontrado às margens da BR-070, em uma área dentro da área da Floresta Nacional. De acordo com a Polícia Civil, havia terra na garganta da jovem e metade do corpo estava queimado. A mãe de Emily disse que a filha saiu de casa por volta das 22h de sexta-feira (9), para ir à casa de uma amiga, dentro do mesmo terreno onde moravam. Por volta da meia-noite de sábado, testemunhas contaram que viram Emily sair e se encontrar com Vandir.
Uma câmera de segurança registrou quando os dois caminhavam, na rua. Em determinado trecho, eles atravessaram a pista e foram para um matagal.
Na tarde de sábado, sem encontrar a filha, Rosimeire registrou um boletim de ocorrência na 12ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga Norte. Enquanto os agentes faziam o registro, receberam a notícia de que um homem tinha acabado de confessar o assassinato de uma adolescente de 14 anos, e que havia dado o endereço de Emily. À polícia, Vandir Correia Silva disse que, enquanto mantinha relação sexual com a vítima, teve “um apagão” e ficou adormecido. Ao voltar a si, percebeu que Emily estava desacordada. Segundo ele, ao constatar que a adolescente estava morta, entrou em desespero e resolveu esconder o corpo. De acordo com a Polícia Civil, o homem levou os policiais até o local onde abandonou o cadáver de Emily.