O pequeno Téo Pietro do Nascimento morreu após procurar atendimento médico três vezes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Águas Lindas de Goiás

Um menino de dez anos, identificado como Téo Pietro do Nascimento, morreu após procurar atendimento médico três vezes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Águas Lindas de Goiás, entre os dias 20 e 22 de outubro. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a causa da morte foi apendicite aguda, condição que não teria sido diagnosticada durante os atendimentos, quando os médicos disseram que o problema da criança era “acúmulo de fezes” e que deveria caminhar para conseguir evacuar.
Segundo relatos da família, Téo começou a sentir fortes dores abdominais, acompanhadas de febre e vômitos, na segunda-feira (20). Ele foi levado à UPA da cidade, onde os profissionais de saúde o encaminharam para uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Lá, o menino recebeu medicação e foi liberado para casa.
Dois dias depois, na quarta-feira (22), as dores se intensificaram. Preocupados, os pais voltaram à UPA de Águas Lindas. De acordo com a família, os médicos suspeitaram de um acúmulo de fezes e recomendaram que o menino fizesse caminhadas para ajudar na evacuação. Téo realizou exames de sangue, foi novamente medicado e liberado mais uma vez.
No entanto, ainda na mesma noite, o quadro piorou rapidamente. Foi a terceira ida à unidade, por volta das 23h. Pouco depois de dar entrada, Téo sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu cerca de meia hora depois. Só após o falecimento o IML confirmou o diagnóstico de apendicite, uma inflamação do apêndice que, se não tratada a tempo, pode levar à ruptura do órgão e causar uma infecção generalizada — quadro de alto risco que exige cirurgia de emergência.
A família acusa a equipe médica da UPA de negligência e afirma que, caso o diagnóstico correto tivesse sido feito, a criança poderia ter sido salva. Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil, que instaurou um inquérito para investigar se houve erro ou omissão no atendimento.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Águas Lindas declarou “profundo pesar pela morte da criança” e informou ter determinado a instauração imediata de uma sindicância administrativa para apurar o caso. O órgão afirmou ainda que “não compactua com qualquer ato de negligência, imprudência ou imperícia” e se comprometeu a colaborar com as investigações.
O caso de Téo trouxe à tona o debate sobre falhas na triagem e diagnóstico em unidades de urgência em Goiás, especialmente em municípios de médio porte. Especialistas ouvidos pela reportagem destacam que a apendicite infantil exige atenção redobrada, já que os sintomas podem ser confundidos com outros distúrbios gastrointestinais, e o tempo entre o início das dores e o rompimento do apêndice pode ser curto.
A Polícia Civil e a Secretaria de Saúde de Águas Lindas afirmam que as investigações estão em andamento e que os profissionais envolvidos no atendimento serão ouvidos nos próximos dias.
Enquanto isso, a família de Téo pede por justiça e responsabilização. A reportagem continuará acompanhando o desdobramento do caso.



