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Morango do amor aquece vendas e valoriza produção em Brazlândia

Produção deve ultrapassar 6,6 mil toneladas em 2025, com tecnologia, agricultura familiar e a força da 29ª Festa do Morango

Do bolo às geleias, o morango conquistou de vez o paladar dos brasileiros. E, nos últimos meses, um fenômeno particular tem chamado a atenção: a febre do “morango do amor”, doce que viralizou nas redes sociais e alavancou a procura pela fruta. Esse movimento tem reflexos diretos em Brazlândia, região administrativa responsável por mais de 90% da produção de morangos do Distrito Federal, onde cerca de 600 produtores familiares sustentam uma cadeia produtiva que movimenta aproximadamente R$ 220 milhões ao ano.

De acordo com a Emater-DF, em 2025 a safra promete superar as 6,6 mil toneladas colhidas em 2024, sendo 5,1 mil toneladas apenas em Brazlândia. A área cultivada em 2024 somou 177 hectares, menor que os 185 hectares de 2023, mas com produtividade recorde de 37,4 toneladas por hectare — resultado do uso intensivo de tecnologias como irrigação por gotejamento, cultivo em estufas e variedades adaptadas, como Camarosa, San Andreas, Festival, Camino Real e Portola.

Tecnologia

Foto: Material cedido ao Jornal de Brasília
Foto: Material cedido

O setor tem contado com avanços tecnológicos significativos. A Embrapa Hortaliças, em parceria com a Emater-DF, desenvolveu o sistema semi-hidropônico vertical, que permite cultivo durante todo o ano, com economia de até 70% de água e 50% de fertilizantes. A produtividade pode ultrapassar 1,8 kg por planta. Práticas de manejo integrado de pragas e o controle biológico do ácaro-rajado também são amplamente utilizados, garantindo qualidade e sustentabilidade.

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Histórias da terra

A produção de morangos em Brazlândia também é marcada pela tradição e pela força da agricultura familiar. Joaquim Máximo da Silva, 42 anos, produtor rural do Núcleo Betinho, cultiva morangos desde 2002. “Este ano acredito que terei uma das melhores safras por causa do clima, que está perfeito para a lavoura. O preço também se manteve alto, em torno de R$ 27 a R$ 30 a caixa com quatro cambucas, contra R$ 15 ou R$ 17 no mesmo período do ano passado”, conta.

Joaquim lembra que o clima da região é um dos principais diferenciais. “Nosso solo é plano, a altitude é alta e o frio ajuda no desenvolvimento. Aprendemos muito com os japoneses que vieram para cá e ensinaram técnicas de manejo. Tudo isso faz com que o morango da nossa região seja especial”, afirma.

Ele também aposta em experiências como o “colha e pague” da Emater-DF e os estandes durante a Festa do Morango, que ocorre entre agosto e setembro. “A festa valoriza nossa agricultura e ajuda a divulgar o produto. Sempre levamos os morangos tipo A, os mais bonitos, para exposição”, destaca.

Osmarina Oliveira Silva, 51 anos, é outro exemplo do vínculo entre morango e confeitaria. Moradora da Chapadinha, ela sempre trabalhou com confeitaria e decidiu cultivar a fruta junto ao marido como forma de economizar e fazer uma renda extra. Hoje em dia ela participa ativamente da produção rural familiar e também de concursos como os da da Festa do Morango. “Uso muito morango nas minhas receitas, então resolvi ter minha própria plantação. A demanda aumentou e o lucro também cresceu.”, comenta.

O impacto da confeitaria e do mercado

O boom do “morango do amor” transformou a rotina de confeiteiros, como Flávia Teodoro, 51, que há 14 anos trabalha com doces. “É a primeira vez que vejo uma procura tão intensa por um produto específico. Mesmo com o aumento do preço do morango, a demanda continua alta. Para mim, houve um aumento de cerca de 6% a 7% nas vendas”, afirma.

Na Feira do Produtor, em Ceilândia, o revendedor Marcel Lopes Dias, 37, confirma o aumento da procura. “Tem morango o ano todo, mas agora a demanda disparou. Vem gente de Minas, Goiás e até São Paulo buscar a fruta aqui”, explica.

Assistência e futuro do setor

Para Hélio Roberto Dias Lopes, extensionista rural da Emater-DF, a vocação de Brazlândia para o cultivo de morangos é resultado da combinação entre clima, altitude e tradição. “Nos anos 1970, muitos produtores de São Paulo, principalmente de Atibaia, vieram para Brasília e iniciaram cultivos em pequenas áreas. Hoje temos entre 400 e 500 produtores no DF, ocupando cerca de 180 hectares”, detalha.

A Emater-DF atua no suporte aos agricultores, com capacitação técnica, análises de solo, controle de pragas e apoio em eventos. “A produção de morango é dinâmica e precisa de atualização constante. Também estamos incentivando o turismo rural com o sistema ‘colha e pague’, que aproxima o público urbano do campo e agrega valor”, complementa Hélio.

O futuro do setor aponta para práticas sustentáveis e sistemas cada vez mais tecnológicos, como o cultivo hidropônico, o uso de cultivares nacionais e melhorias na pós-colheita. “Com inovação, assistência técnica e o protagonismo dos agricultores familiares, o DF deve seguir como referência na produção de morangos de alta qualidade”, conclui Flávio Fernandes, da Embrapa.

A Festa do Morango

Foto: Material cedido ao Jornal de Brasília
Foto: Material cedido 

Parte essencial da identidade local, a Festa do Morango de Brazlândia chega à sua 29ª edição em 2025, com início marcado para o dia 30 de agosto e programação até 8 de setembro, no Parque de Exposições da cidade. O evento, que combina shows, gastronomia e o tradicional “colha e pague”, é uma vitrine para a agricultura familiar e para os produtos derivados da fruta. Com expectativa de receber mais de 200 mil visitantes, a festa reforça o elo entre produtores e consumidores e celebra a força da cadeia produtiva que coloca o morango de Brazlândia entre os mais apreciados do país.

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