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Opositores à contribuição do agro, tucanos ignoram época em que produtores consertavam rodovias com terra durante governo Marconi

Durante as últimas gestões do PSDB, entre 2011 e 2018, produtores rurais chegaram a se mobilizar para reconstruir estradas e, assim, obter condições mínimas de escoamento diante das péssimas condições das rodovias estaduais

Os deputados Hélio de Sousa e Gustavo Sebba, ambos do PSDB, se mobilizaram no plenário da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), na última quarta-feira (16/11), na tentativa de barrar a aprovação dos projetos de lei do governo estadual que criam a contribuição do agronegócio para o Fundo de Infraestrutura, o Fundeinfra, voltado para a manutenção e ampliação da malha viária estadual. No entanto, os parlamentares não tinham o mesmo empenho na defesa do agro durante as gestões dos ex-governadores Marconi Perillo e José Éliton, quando produtores rurais chegaram a patrocinar operação tapa-buraco com terra.

Agora contrários ao Fundeinfra, os deputados não se posicionaram ao lado dos produtores rurais no longo período – durante os dois últimos governos do PSDB, entre 2011 e 2018 – em que as rodovias estaduais estavam em péssimas condições, dificultando o escoamento das safras, encarecendo os fretes e causando enormes prejuízos aos empresários do agronegócio goiano.

Em uma rápida busca pelos jornais da época, é possível encontrar uma coleção de reportagens que mostravam as péssimas condições das rodovias estaduais nas gestões de Marconi. Em 2018, a população goiana elegeu o governador Ronaldo Caiado em 1º turno e encerrou um ciclo de administrações tucanas que já durava duas décadas e colecionava, não só em estradas e rodovias, ‘buracos’ por todos os cantos.

veja também : http://g1.globo.com/goias/transito/noticia/2016/01/motorista-reclama-de-buracos-em-trecho-da-br-153-onde-ha-pedagio.html

Gestão tucana, veja como era as estradas.

A deterioração da malha viária estadual fez com que produtores chegassem a arcar com os custos de reformar rodovias ou tapar buracos com terra, para que houvesse alguma trafegabilidade nas estradas que cortam Goiás. Em 2016, produtores de Cristalina realizaram um mutirão para recuperar a GO-010. À TV Anhanguera, relataram que os prejuízos com as péssimas condições da rodovia chegaram a R$ 16 milhões.

Também em 2016, em outra região do Estado, produtores rurais de Rio Verde e Jataí se uniram para recuperar uma estrada local que interligava as duas principais cidades do Sudoeste. Na época, fazendeiros utilizaram máquinas de suas propriedades para fazer a recuperação do trecho e possibilitar, assim, o escoamento da safra. Na época, a própria Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) chegou a utilizar terra (e até areia) para fechar buracos em rodovias.

Em 2015, a Justiça precisou interditar pelo menos três rodovias estaduais devido às péssimas condições de trafegabilidade. Devido à quantidade de buracos e o iminente risco de acidentes, um trecho da rodovia GO-206, entre Caçu e Itarumã, foi bloqueada. Também foram fechadas as GOs 302 e 178 no perímetro urbano de Itajá.

Gestão caiado : Contribuição do agro é optativa e apenas para produtos com incentivos fiscais

Adesão ao Fundo de Infraestrutura do Estado, com aporte de no máximo 1,65%, incide apenas em produtos que recebem benefícios fiscais e pode ser rejeitada pelo produtor rural

Com destinação exclusiva para obras que atendem o setor agropecuário, o Fundo de Infraestrutura do Estado (Fundeinfra) que está sendo proposto pelo Governo de Goiás terá contribuição apenas de produtos que recebem benefícios fiscais e com caráter optativo. O produtor rural pode optar por não contribuir com o fundo, o que vai impactar nas vantagens que vem recebendo em regimes especiais de tributação.

É o que garante o presidente da Agência Goiana de Obras e Infraestrutura do Estado de Goiás, Pedro Sales, que nesta quarta-feira (16/11) foi até a Assembleia Legislativa (Alego) para esclarecer todas as dúvidas dos deputados estaduais que apreciam os projetos de criação e estruturação do Fundeinfra. As matérias foram aprovadas pela Comissão de Finanças e hoje continuam em tramitação, com previsão de ir à primeira votação no plenário da Casa.

“É uma cobrança não tributária que é empregada como contrapartida para uso ou substituição de benefícios fiscais. Não é uma contribuição compulsária e cabe tão somente a setores que estão fortemente incentivados e que, mediante a uma deliberação que ele queira manter esses incentivos, ele fará esse recolhimento suplementar”, explica Pedro Sales, lembrando que a totalidade de recursos captados via Fundeinfra será investida em obras importantes para produção agropecuária, como pavimentação de rodovias e construção de pontes, ou seja, é uma contribuição do agro que voltará para o agro em infraestrutura.

Discutido previamente com representantes do setor antes de ser encaminhada à Alego, o projeto de lei do Governo de Goiás limita a contribuição a, no máximo, 1,65%, com incidência sobre produtos como milho, soja, cana de açúcar, exportação de carnes e de minérios. Na regulamentação da lei, o Governo de Goiás já se manifestou que pequenos produtores e agricultura familiar ficarão de fora da contribuição, assim como produção de leite, arroz e feijão.

A estimativa do Governo de Goiás é arrecadar por ano, por meio do Fundeinfra, em torno de R$ 700 milhões, compensando parte da perda de arrecadação motivada pela redução da alíquota de ICMS na comercialização de combustíveis, energia elétrica e de outros, com impacto previsto de R$ 5 bilhões para o Tesouro Estadual em 2023.

A proposta do Executivo Estadual institui, ainda, uma gestão responsável para o Fundeinfra e, consequentemente, para os recursos por ele captados. O fundo terá um Conselho Gestor composto por representantes da gestão pública estadual e da iniciativa privada, nomeados pelo governador, com mandato de 12 meses e sem remuneração. O projeto de lei cria também o Conselho Fiscal, composto por um representante da Secretaria de Economia, um da Controladoria Geral do Estado (CGE) e outro do setor privado, para acompanhar a captação e a aplicação dos recursos.

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