Nos encontros com crianças e adolescentes, idosos ensinam o que aprenderam ao longo dos anos e os jovens apresentam ferramentas digitais e levam presentes
“Meus filhinhos, não tem conhecimento mais valioso que a experiência de vida. Vem cá, dá um abraço na vovó”. Foi assim que Anita Pereira da Silva, de 84 anos, recebeu um grupo de crianças que passou o dia no Centro de Idosos Vila Vida, em Goiânia, onde ela vive há 11 anos. A visita, realizada no dia 31 de março, faz parte de uma iniciativa mensal da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), que leva crianças e jovens às instituições para idosos mantidas pelo Governo de Goiás. Esses encontros intergeracionais têm o objetivo de contribuir com o bem-estar dos idosos institucionalizados e promover a troca de experiências, valorizando o conhecimento dos antigos e levando novidades à geração dos vovôs e vovós.Dona Anita Pereira, de 84 anos, se alegrou com a visita de crianças à unidade do Governo de Goiás, onde vive há 11 anos
Dona Anita, que era uma das mais animadas com a atividade, distribuía sorrisos para os pequenos. “Criança é bom demais, receber uma visita dessa melhora o dia da gente”, disse emocionada. Lara Rosique, 7 anos, disse que se divertiu muito. “Eu gostei muito, acho que foi uma lição de vida e ela me contou muitas histórias legais. Ah, eu também adorei aprender a tocar pandeiro”, disse a pequena.
A aula de música que Lara ganhou de presente foi com o mestre no cavaquinho João José Tavares, morador da Vila Vida desde 2018. Quando soube que receberiam um grupo de crianças, ele preparou os instrumentos musicais e fez a festa com os visitantes. “Isso para nós é muito bom, vocês não imaginam a minha felicidade em estar aqui com essas crianças. Ensinar essa menina linda a tocar pandeiro vale mais que tudo”, ressaltou João José, de 81 anos.
Vínculo
Para a presidente de honra da OVG e coordenadora do Gabinete de Políticas Sociais (GPS), primeira-dama Gracinha Caiado, os encontros intergeracionais promovidos pela Organização mantêm o vínculo entre os idosos e os jovens e ajudam a conservar os saberes e costumes tradicionais. “Costumo dizer que um povo sem memória é um povo sem história. Quando as crianças e os jovens passam um dia com os idosos, eles absorvem muitos saberes tradicionais, muitas memórias de quem viveu a história. Esse é um belo caminho para que nossa tradição sobreviva e para que nosso passado seja respeitado e lembrado nas próximas gerações.”
Psicóloga especializada no atendimento aos idosos da Vila Vida, Marcela Lemes destaca que a interação desperta os sentidos dos idosos e contribui com a parte cognitiva. “Com esse estímulo da conversa, das brincadeiras e da contação de experiências de vida, os idosos melhoram significativamente a parte cognitiva, a memória e até mesmo a própria mobilidade física”. A iniciativa, realizada uma vez por mês nos Centros de Idosos Vila Vida e Sagrada Família, também se estenderá a outras unidades, como o Centro da Juventude Tecendo o Futuro.
A OVG atende por mês, em média, 1.629 idosos em quatro unidades: Centro de Idosos Sagrada Família, Centro de Idosos Vila Vida e Espaços Bem Viver I e II, todos em Goiânia. O atendimento é realizado nas modalidades Centro Dia, Casa Lar e Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI) e conta com atendimento multiprofissional voltado para saúde e bem-estar.