O grupo atuava desde outubro de 2024 e possuía estrutura complexa, com divisão de funções distribuídas entre diferentes estados

A Polícia Civil do Distrito Federal, por meio da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), deflagrou a Operação Conexão Bahia, que desmantelou uma organização criminosa especializada no furto, adulteração e envio de motocicletas roubadas no DF para cidades do interior da Bahia.
De acordo com a PCDF, o núcleo principal operava no Distrito Federal, especialmente nas regiões do Recanto das Emas, Ceilândia, Taguatinga, Gama, Riacho Fundo, Santa Maria e SIA. Nesses locais, integrantes do grupo furtavam motocicletas — principalmente modelos Honda CG 160 — e realizavam adulterações de placas, chassi e demais sinais identificadores. As atividades incluíam ainda depósitos clandestinos e pontos de ocultação espalhados por essas regiões.
Durante as investigações, os agentes identificaram também células especializadas na falsificação de documentos em Guarulhos (SP) e Valparaíso (GO). Esses núcleos eram responsáveis por produzir CRLVs falsos, realizar consultas veiculares clandestinas e fornecer documentos usados para dar aparência de legalidade às motos adulteradas. Esse braço documental era considerado essencial para a reinserção dos veículos no comércio ilícito.
Na Bahia, receptadores e financiadores estabelecidos nos municípios de Correntina, Carinhanha e Santa Maria da Vitória recebiam as motocicletas já adulteradas. O grupo mantinha fluxo contínuo de pagamentos aos criminosos do DF, formando uma rede lucrativa e bem estruturada de abastecimento do mercado clandestino.
A operação resultou no cumprimento de 14 mandados de prisão preventiva e 20 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal — incluindo Recanto das Emas, Ceilândia, Gama, Itapoã, Taguatinga e Santa Maria — além de endereços em Goiás, São Paulo e Bahia. Foram apreendidas diversas motos com sinais de adulteração, placas falsas, documentos ilegais, celulares, ferramentas usadas nos furtos e comprovantes financeiros que demonstram a movimentação do grupo.
Segundo as apurações, a organização criminosa furtou e adulterou cerca de 150 motocicletas ao longo de dois anos, prejudicando principalmente trabalhadores de entrega por aplicativo. Informações levantadas pela investigação indicam que, em algumas regiões da Bahia, mais de um terço da frota pode estar adulterada pelo esquema.
As quebras de sigilo bancário e telemático revelaram movimentação superior a R$ 1,1 milhão em aproximadamente um ano e meio, com uso de laranjas e pulverização de pagamentos para dificultar o rastreamento. O prejuízo total causado às vítimas e à sociedade chega a centenas de milhares de reais.



