Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos indiciou a professora por provocar alarme ou praticar ato capaz de gerar pânico ou tumulto.
A professora da rede pública do Distrito Federal Lorena Santos, 28 anos, foi indiciada, nessa quinta-feira (20/4), por cometer contravenção penal. A servidora pública é investigada pela Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), após publicação de reportagens , por “provocar alarme, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto”.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) intimou a professora do Centro de Ensino Fundamental (CEF) Zilda Arns, no Itapoã, a depor, depois de Lorena fazer uma postagem polêmica no Instagram, nessa quinta-feira (20/4).
Em Story compartilhado na rede social, a professora aparece em uma foto, com a legenda “Look de hoje: especial massacre. Se eu morrer hoje, estarei belíssima, pelo menos”.
A prática pela qual Lorena foi indiciada consta no artigo 41 da Lei das Contravenções Penais e prevê pena de prisão simples, de 15 dias a seis meses, ou pagamento de multa.
Monitoramento
As forças de segurança do Distrito Federal estavam mobilizadas nessa quinta-feira (20/4), devido ao aumento da circulação de mensagens nas mídias sociais com conteúdo de violência por ocasião de 20 de abril, data em que ocorreu um fatídico massacre em Columbine, nos Estados Unidos, em 1999.
Na data, dois alunos de um colégio de ensino médio mataram 12 estudantes e um professor da escola que frequentavam. Em virtude da notoriedade da data, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) se manteve em alerta durante todo o dia, para evitar ataques em escolas da capital federal.
Mensagens apagadas
Depois da repercussão da foto publicada por Lorena no Instagram, a professora apagou a postagem e disse ao Metrópoles que “não teve intenção de gerar polêmica”.
A professora acrescentou que expressou uma “posição perante as ameaças, de forma irônica”. “Somos tão vulneráveis e parecemos piadas perante o Estado. Mas já retirei a imagem. Não foi a intenção gerar polêmica”, enfatizou. Depois de mandar a resposta, Lorena apagou as mensagens enviadas à reportagem.
A coluna Na Mira também teve acesso a uma carta assinada pela docente e enviada à comunidade escolar. No texto, ela diz que a publicação foi infeliz e pede desculpas.
Confira a íntegra:
“Carta à comunidade Zilda [Arns],
Fiz uma escolha equivocada essa manhã, ao me posicionar em uma rede social que fazia alusão às ameaças de violências que as escolas vêm sofrendo nos últimos tempos. O teor irônico que infelizmente pretendi dar no post não caberia e mascarou uma apreensão com esses fatos, sentimento esse que tenho tentado lidar da forma como a escola e as autoridades têm orientado. Mas ignorar que também compartilho dessa apreensão que vejo nos meus estudantes não é tarefa fácil. Há um medo velado também em mim. Diante da situação e reconhecendo minha responsabilidade enquanto professora, foi infeliz a minha postagem. Nada a justifica e por isso peço perdão pela falta de postura e delicadeza que esse momento exigia. Retirei o post, me sinto muito mal diante disso e me coloco à disposição para esclarecimento junto às autoridades competentes.
Me senti vulnerável perante a situação, e a forma infeliz de lidar foi essa.
Perdão, novamente.
Prof.ª Lorena
CEF Dra. Zilda Arns”
O perfil dela no Instagram, que tinha cerca de 5,2 mil seguidores antes da publicação da primeira reportagem sobre o caso, reunia mais de 11,8 mil na manhã desta sexta-feira (21/4). Ela também apagou todas as postagens do Feed na rede social e excluiu a foto principal do perfil.
Apuração administrativa
A Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF) informou que abriria procedimento para apurar a conduta de Lorena. A pasta reforçou que “repudia qualquer tipo de postagem que ressalte a violência” e enfatizou ter compromisso e empenho na busca pela cultura de paz no ambiente escolar.
Em nota, a secretaria comunicou que “a direção do CEF Doutora Zilda Arns do Itapoã tomou conhecimento do caso por meio das redes sociais e imediatamente pediu para que a professora excluísse a publicação”.