Bem-vindo – 17/06/2025 21:30

Terror em série: homossexuais são sequestrados e torturados após encontros por app

Num ritual violento, criminosos criavam perfis falsos, marcavam encontros com vítimas e, depois, as agrediam e extorquiam. Operação da Polícia Civil busca estancar ação da quadrilha

Infiltrados em um aplicativo de relacionamentos voltado à comunidade LGBTQIA+, criminosos de Samambaia atraíam, extorquiam e roubavam homens. Entre o final de novembro de 2024 e junho deste ano, a organização criminosa fez mais de 30 vítimas, faturou quase R$ 100 mil e alastrou violência física e psicológica. Na manhã desta terça-feira (17/6), policiais civis da 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia Norte) colocaram fim às ações do grupo.

A PCDF cumpre 28 ordens judiciais, sendo oito de prisão temporária e 20 de busca e apreensão em endereços ligados aos membros da quadrilha. As investigações começaram após a polícia identificar e receber uma onda de denúncias do mesmo modus operandi: a vítima conhecia uma pessoa pelo aplicativo Grindr, marcava um encontro e, no local, era roubada, extorquida e, por vezes, agredida.

Os criminosos usavam perfis falsos no app para não levantar suspeitas. Pela plataforma, trocavam mensagens com as vítimas em potencial e marcaram encontros. Os pontos eram sempre próximo a uma praça das quadras 423 e 425 de Samambaia Norte, em uma área escura e sem estrutura de iluminação. Atraídos, os homens saíam de várias regiões do DF — Lago Sul, Cruzeiro, Guará, Águas Claras, Taguatinga, Ceilândia, Recanto das Emas e Santa Maria.

Ritual violento

Era nesse ponto que, ao chegar, as vítimas caíam na tocaia e eram encurraladas por bandidos armados. Eles seguiam um ritual violento, com socos, coronhadas e até ameaças de morte. O pesadelo não tinha tempo para acabar. Uma das vítimas chegou a ser colocada de joelhos, encapuzada e só foi liberada seis horas depois, quando os suspeitos conseguiram efetuar um empréstimo e transferir mais de R$ 30 mil.

O delegado responsável pelo caso, Marcos Miranda, da 26ª DP, explica que as vítimas não tinham qualquer chance de reação e eram forçadas a entregar tudo. “Eles roubavam o celular e faziam transferências de dinheiro, com acesso às senhas bancárias.”

Os criminosos protagonizaram uma onda de ataques em datas próximas, demonstrando audácia. O caso mais recente ocorreu nessa segunda-feira (16/6), quando um homem foi encontrado caído em uma rua de Samambaia. Segundo as investigações, ele foi obrigado a transferir R$ 700.

Ao menos 35 vítimas registraram ocorrências, mas a Polícia Civil acredita que o número seja ainda maior, pois muitos podem não ter procurado as autoridades por medo ou constrangimento.

Os envolvidos responderão pelos crimes de organização criminosa, extorsão qualificada e roubo agravado, ambos caracterizados pelo uso de arma de fogo e pela restrição de liberdade das vítimas. Considerando todas as infrações investigadas, as penas combinadas podem ultrapassar 40 anos de reclusão, refletindo a gravidade dos delitos praticados.

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