Suspeitas surgiram quando servidores de Perolândia, Goiás, apresentaram diplomas em grande quantidade para obter benefícios
Um esquema de venda de diplomas descoberto em Goiás já resultou em investigação com prisão de quatro pessoas. No rol de investigados estão duas instituições de ensino online, que segundo o Ministério Público do estado (MPGO) emitia documentos rapidamente – e em massa – , mesmo para cursos de longa carga horária. De acordo com o órgão, cerca de 50 mil certificados e carteirinhas de estudante, igualmente fraudulentas, já foram emitidas e enviadas a pessoas de diversas partes do Brasil.
A apuração teve início depois que servidores públicos de Perolândia, Goiás, apresentaram certificados falsos para conseguirem gratificações. A fraude poderia elevar os salários em até 30%. Reportagem do Fantástico, revelou que funcionários destacados para analisar as documentações estranharam a situação.
“O que nos chamou atenção foi a quantidade de diplomas da mesma instituição apresentados”.
Agente infiltrado completou 2 cursos em 30 minutos
Outro funcionário revelou que muitos colegas perguntavam quantas horas eram necessárias para garantir o aumento máximo, trazendo os certificados rapidamente. Em depoimentos investigados admitiram que não participaram de aulas e que só realizaram provas para obter os diplomas. Um deles disse que sequer leu o material: “Nem sei mexer no computador, só fiz as provas”, contou.
Em resposta, o Ministério Público colocou um agente infiltrado, que se matriculou em um dos cursos. Ele completou dois cursos de forma acelerada, um de 272 horas em apenas 13 minutos e outro de 260 horas em 18 minutos.
A Prefeitura do município informou ao Fantástico que os pagamentos das gratificações dos servidores envolvidos serão suspensos, mas não explicou quais providências serão adotadas para avaliar a participação dos envolvidos.
Presos por venda de diplomas descoberta em Goiás são suspeitos de compor organização criminosa
Os presos na investigação do MP são suspeitos de integrar uma organização criminosa e estão sendo investigados por lavagem de dinheiro e falsificação de documentos. São eles João Renato Antunes de Andrade, Mônica Renata da Silva e os irmãos Fernando e Adriano Fonseca Santos. De acordo com o órgão, entre 2020 e 2023, o grupo gerou mais de R$ 17 milhões com cursos fraudulentos, sendo que parte desse valor teria sido lavado em uma fábrica de papéis da propriedade dos investigados. Para a promotoria, os suspeitos não ofereciam cursos, mas vendiam certificados falsos que não correspondiam a cursos legais.
Documentos obtidos são enviados a MPs estaduais
O MP dará continuidade às investigações, enviando os certificados e carteirinhas apreendidos aos Ministérios Públicos estaduais. A defesa dos suspeitos responsabilizou os funcionários municipais que validaram os cursos para que seus clientes recebessem as gratificações, isentando as escolas emissoras dos certificados.
O Ministério da Educação se manifestou, alertando sobre a importância de consultar canais oficiais para verificar a validade de cursos antes de obter um diploma. A Secretaria de Educação de Minas Gerais explicou, ainda, que cursos não formais não exigem credenciamento, mas não conferem habilitação profissional ou grau de escolaridade.