A Receita Federal guarda cerca de 40 carros, três ônibus e três caminhões lotados de mercadorias contrabandeadas e que foram apreendidas em Goiás. São cerca de R$ 15 milhões em eletrônicos, bebidas, artigos de perfumarias e até cabelo humano vindos da Indonésia.
O galpão fica em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o número de pessoas presas por contrabando no primeiro semestre no Brasil aumentou de 814 em 2020 – para 881 neste ano.
Em Goiás, o total de mercadorias apreendidas cresceu 40% em relação ao ano passado, conforme a corporação, que acredita que este comércio ilegal aumentou por causa da crise da pandemia do coronavírus.
“Se comparar os anos interiores, a questão da informalidade trouxe as pessoas para uma nova modalidade de trabalho, aquela forma velha de que todos pensam em ganhar dinheiro mais fácil. Mas, o prejuízo é muito maior, acabam perdendo praticamente tudo, isso, quando não vão parar na prisão”, disse o inspetor da PRF, Newton Morais.
O subtenente do Comando Operacional de Divisas (COD), Walber Rodrigues disse que o estado funciona como um entreposto para distribuição do contrabando para as regiões norte e nordeste do país.
“A vantagem nossa do COD é que em toda a região do estado hoje a gente possui uma equipe que facilita essas operações, essa integração entre a PRF e a Receita Federal”, disse.
O auditor fiscal da Receita Federal Antônio Moreira explica que o prejuízo é grande pra quem comete esse tipo de crime, já que eles perdem todos os produtos adquiridos de forma ilegal. “Depois que ela [mercadoria] vem para o pátio, é feito um processo administrativo e, caso o proprietário não consiga provar a regularidade da mercadoria, aplica-se a pena de perdimento, ou seja, a mercadoria passa a ser propriedade da União”, disse.
Ele disse ainda que esse tipo de comércio ilegal prejudica não só a economia do país, como também os trabalhadores que seguem a lei, pagando os impostos devidos. “Se você está comprando um produto irregular, você está desempregando alguém no nosso país e prejudicando a economia. E, se nós quisermos um país melhor, todos temos que fazer a nossa parte”, disse o auditor.
Em uma das apreensões feita em Rio Verde, no sudoeste goiano, um caminhão cegonha, que não despertava suspeita dos policiais, carregava outros quatro veículos lotados de mercadorias contrabandeadas.
Outro caminhão, que aparentava carregar pneus para reciclagem, usava a mercadoria velha para esconder, por dentro, 150 pneus novos e sem nota fiscal. Ônibus de viagens também são pegos pela fiscalização transportando eletrônicos, bebidas e objetos pequenos, como perfumes.
Todas as mercadorias apreendidas são encaminhadas à Receita Federal e os veículos lacrados. Os donos perdem o direito sobre os itens. Após inspeção do órgão, os produtos podem ser leiloados, destruídos ou doados para caridade ou instituições públicas.