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Ex-secretário de Vigilância em Saúde sai em defesa do uso da CoronaVac

Após o Correio noticiar que o Ministério da Saúde estuda suspender o uso da CoronaVac no Brasil, epidemiologistas e especialistas em saúde criticaram a medida considerada pelo gestor da pasta, Marcelo Queiroga. O ex-secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde Wanderson de Oliveira afirmou que a conduta é um desserviço para todo o Programa Nacional de Imunização (PNI), já que gera desconfiança em um momento no qual a vacina é amplamente usada no país.

“É um desserviço para todo o Programa Nacional de Imunização, porque gera desconfiança, e isso nunca é bom em um processo de emergência como o que nós estamos”, disse Wanderson, ao ser questionado sobre a intenção do ministro Marcelo Queiroga, que alegou a interlocutores, segundo apurou a reportagem, que existem muitos casos de pessoas que tomaram a CoronaVac e foram infectados mesmo após as duas doses.

O ex-secretário, que é epidemiologista e secretário de Serviços Integrados de Saúde do Supremo Tribunal Federal (STF), contesta a alegação do ministro e diz que um levantamento feito com dados do próprio Ministério da Saúde, acessados por meio do sistema OpenDataSus, mostra que a vacina CoronaVac é a que mais protege contra casos graves da covid-19. Segundo o levantamento, ela previne 97% das mortes de pessoas infectadas.

Ele reforça que o Ministério da Saúde tem direito de discutir uma estratégia para a imunização dos brasileiros, mas aponta que a intenção de descontinuar o uso da CoronaVac no Brasil neste momento é precipitada. “Do ponto de vista de comunicação, é um desastre. O contrato (com o Butantan) está em curso, e ainda tem muita vacina para ser entregue. Além disso, a CoronaVac acabou de ser aprovada pela OMS”, pondera.

O Butantan já entregou 52,2 milhões de doses da CoronaVac ao governo federal. Ao todo, o contrato firmado com o Ministério da Saúde prevê a entrega de 100 milhões de unidades da vacina contra a covid-19. O Correio perguntou se o instituto paulista já foi informado sobre a possibilidade de encerramento do uso da CoronaVac no Brasil em um futuro próximo, mas o Butantan não respondeu ao questionamento. Apesar disso, pelo Twitter, o instituto compartilhou uma reportagem que fala sobre o levantamento feito por Wanderson.

Segundo mostrou reportagem no site do Correio no último sábado, a pasta se preocupa com a eficácia da vacina em idosos, por isso a intenção seria adquirir apenas as doses da CoronaVac que já foram contratadas e reforçar aquisições da Astrazeneca e da Pfizer. No entanto, para Wanderson, a atitude se mostra mais uma vez precipitada. “Não temos estudo para ver se quem tomou CoronaVac há menos de seis meses pode tomar uma dose da vacina da Pfizer, por exemplo”, explica.

Idosos

Além disso, o epidemiologista ressalta que o levantamento feito com dados da pasta da Saúde mostra que idosos com 80 anos ou mais que receberam a segunda dose da CoronaVac 28 dias antes do início de sintomas da covid-19 tiveram boa taxa de cura, quando comparados a idosos não vacinados ou com vacinação incompleta. “As pessoas com mais de 80 anos que não tinham se vacinado ou adquirido a imunização completa, só conquistada 28 dias após a aplicação da segunda dose, morreram muito mais do que as que receberam essa imunização completa e mesmo assim se infectaram”, disse.

Ele reforça que a imunização só vai funcionar e ajudar a superar a pandemia quando o maior número de pessoas estiver imunizada com as duas doses. “O ministro deveria evitar desqualificar as vacinas, qualquer que seja ela, não só a CoronaVac. Nenhuma vacina é perfeita. Nenhuma é a solução para todos os problemas. Junto dos imunizantes, é necessário ter estratégia de prevenção, de medidas não farmacológicas, e uma comunicação esclarecedora”, ressalta.

Apesar da possibilidade de excluir a aplicação da CoronaVac ser ventilada nos bastidores, oficialmente o Ministério da Saúde informou ao Correio que não há intenção de acabar com a vacinação da CoronaVac no país. Ontem, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez questão de reforçar a importância de todas as vacinas contra a covid-19 compradas pelo Brasil, durante a ação de imunização em massa na Ilha de Paquetá (RJ).

“Além da vacina da Fiocruz, nós temos outros agentes imunizantes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Todos são importantes para a nossa campanha de vacinação. Deixo isso bem claro. Todos cumprem o seu papel e são úteis para o enfrentamento da covid-19”, afirmou.

Média móvel é a maior desde abril

 (crédito: Miguel Schincariol/AFP - 17/4/21 )
crédito: Miguel Schincariol/AFP – 17/4/21

Em meio à nova alta de casos e mortes por covid-19, o Brasil registrou 1.050 óbitos nas últimas 24 horas, segundo dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa neste domingo, 20. O balanço também aponta que a média móvel de novos diagnósticos atingiu o maior patamar desde 1º de abril.

Com a transmissão do vírus em aceleração, a média móvel marca 73.200, o que representa um aumento de 17% em relação há duas semanas. Esse é o maior índice em quase três meses. Em 1º de abril, o indicador foi de 73.993.

Segundo especialistas, o ritmo insuficiente da vacinação, aliado ao relaxamento precoce das medidas de distanciamento social, contribuem para o país ter uma nova alta de infectados.

Em alguns locais, o crescimento de casos e lotação em hospitais têm feito governos decretarem medidas mais rígidas de restrição.

Ao todo, o país soma 501.918 mortes por coronavírus desde o início da crise sanitária. Segundo levantamento do consórcio, a média móvel de óbitos, índice que corrige distorções entre dias úteis e fim de semana, subiu pelo décimo dia consecutivo. Neste domingo, o indicador chegou a 2.063 — ou 24% maior comparado a 14 dias atrás.

Nas últimas 24 horas, o Brasil também notificou 45.348 novos casos da doença — o recorde é da última sexta-feira, quando o país registrou 98.135 diagnósticos. Já o total acumulado é de 17.926.393.

Mais 842 mil unidades da Pfizer

O Brasil recebeu 842,4 mil doses de imunizantes contra covid-19 da Pfizer/BioNTech, na tarde de ontem, em Campinas (SP). Os lotes de vacinas foram adquiridos por meio da iniciativa internacional Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS), Aliança Gavi e da CEPI, que trabalham em prol da aquisição e distribuição de vacinas de forma facilitada para 150 países , durante a pandemia de coronavírus.

Esse é o primeiro carregamento de vacinas da Pfizer por consórcio. Até hoje, apenas doses da AstraZeneca/Oxford, fabricada na Coreia do Sul, haviam sido distribuídas, representando 5 milhões do total de 42,5 milhões de doses previstas pelo contrato com a Covax.

A chegada e condução dos imunizantes até o centro de distribuição do Ministério da Saúde, em Guarulhos (SP), contaram com a segurança da Polícia Federal. Os imunizantes devem ser disponibilizados pelo Ministério da Saúde para as unidades da Federação em até 48 horas, após definição dos planos de voos de distribuição .

Até o fim deste ano, o Brasil deve receber o restante das doses previstas e ter um gasto total de R$ 2,5 bilhões. Em 9 de fevereiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou resolução que dispensa registro e autorização emergencial das vacinas compradas pelo Ministério da Saúde por meio da Covax.

29,84% da população vacinada com a 1ª dose

A quantidade de pessoas vacinadas com ao menos uma dose contra a covid-19 no Brasil chegou a 63.187 356. O número equivale a 29,84% da população total. Nas últimas 24 horas, o Brasil aplicou um total de 518.614 doses, sendo 481.273 da primeira e 37.342 do reforço.

Na quinta-feira, o país havia registrado recorde de 2.220.845 doses aplicadas, a maior marca atingida desde o início da vacinação. Entre os mais de 63,1 milhões de vacinados, 24.280.894 receberam a segunda dose. Isso representa 11,47% da população com a imunização completa contra o novo coronavírus.

Estados
Mato Grosso do Sul é onde a aplicação da primeira dose está mais avançada, em números proporcionais. Lá, 38,11% da população recebeu a vacina. Já nos dados relativos à segunda dose, a vacinação está mais avançada no Rio Grande do Sul, onde 14,75% da população recebeu a imunização completa. Em números absolutos, o maior número de vacinados com a primeira dose está em São Paulo (15,7 milhões), seguido por Minas Gerais (6 milhões) e Bahia (4,4 milhões).