Sabrina Nominato Fernandes foi encontrada morta dentro de casa, em outubro de 2020; desde então, inquérito segue sem conclusão. Investigação chegou a considerar suicídio; família acredita em crime.Sabrina Nominato Fernandes, foi encontrada morta aos 37 anos.
Um laudo da Polícia Civil do Distrito Federal identificou DNA de André Villela nas unhas da esposa, a médica Sabrina Nominato Fernandes, de 37 anos, encontrada morta dentro de casa, no Lago Sul, em outubro de 2020.
O caso está sem solução há quase um ano e meio e ainda é apurado pela corporação. À época da morte, a hipótese de suicídio foi levantada pela investigação. No entanto, a família da cardiologista acredita em crime, e levanta a hipótese de participação do marido (relembre abaixo).
A defesa de André Villela disse que não teve acesso ao laudo e, por isso, não poderia comentar o caso. Em ocasiões anteriores, ele disse que “não tem qualquer participação em qualquer evento criminoso.
Laudos
Inicialmente, o exame de corpo de delito apontou três hipóteses para a morte da médica: associação entre ingestão de medicamento e álcool; asfixia por sufocação direta, posicional ou intencional; ou os dois incidentes juntos. Agora, as teses são reavaliadas pelo Instituto de Medicina Legal (IML).
O RADAR teve acesso ao laudo que comparou material genético encontrado nas unhas de Sabrina com o de André Villela. De acordo com a amostra, o DNA do marido estava presente nas unhas das mãos direita e esquerda da médica.
A advogada da família de Sabrina, Sofia Coelho, afirma que as novas provas indicam que a médica pode ter lutado para se defender antes de morrer. À época, André passou por exame de corpo de delito, que constatou arranhões no pescoço dele, segundo o processo, que segue sob sigilo.
Investigação
Sabrina Nominato Fernandes, de 37 anos, trabalhava como cardiologista — Foto: Arquivo pessoal
O laudo que identificou o material genético de André nas unhas de Sabrina é de 8 de junho do ano passado, porém, só veio à tona agora. O delegado à frente do caso, Ricardo Vianna, da 6ª Delegacia de Polícia, no Paranoá, informou que o caso segue sob sigilo.
Ele confirmou que o laudo que aponta material genético nas unhas da médica foi levado em consideração, mas que não pode passar mais detalhes. O investigador disse que, no momento, o Instituto Médico Legal (IML) trabalha para responder requisições feitas pela defesa.
A advogada da família afirmou que contestou as hipóteses de morte inicialmente levantadas pela Polícia Civil, e que aguarda respostas dos investigadores.
Família contratou perito
Sabrina Nominato Fernandes, de 37 anos, trabalhava como cardiologista — Foto: Arquivo pessoal
Em outubro do ano passado, peritos contratados pela família de Sabrina refutaram a tese de que ela se matou. De acordo com o boletim de ocorrência, André Villela contou aos policiais que, na noite que antecedeu a morte, Sabrina havia consumido bebida alcoólica.
Na manhã seguinte, ele disse que saiu de casa por volta das 8h, para trabalhar, enquanto a esposa dormia na cama do casal. Ao voltar, por volta das 14h, ele disse que encontrou Sabrina morta, ainda em cima da cama.
O laudo elaborado a pedido dos familiares citou que o consumo de bebida foi detectado no exame de corpo delito. Segundo o documento, “a faixa de alcoolemia estimada para o caso estaria em níveis capazes de causar alterações, porém ainda distante de níveis que colocassem sua vida em risco”.
Sobre o medicamento, o laudo disse que houve uma substância psicoativa detectada no corpo de Sabrina, “porém não há informações relativas à quantidade utilizada”.
A análise dos peritos particulares apontou ainda que, considerando o estado do corpo da vítima, a morte pode ter ocorrido antes das 8h, horário em que Villela estaria em casa. De acordo com os advogados da família de Sabrina, os exames mostraram ainda que o corpo da médica estava com vários tipos de ferimentos, como escoriações no rosto e uma fratura no nariz.
O que diz o marido
Em nota divulgada em agosto do ano passado, a defesa de André Villela disse que “as lesões descritas no laudo cadavérico são totalmente compatíveis com a posição em que a médica Sabrina Nonimato foi encontrada e com as manobras de ressuscitação realizadas”.
Segundo os advogados, “não pode ser desconsiderado que foram encontradas no corpo de Sabrina substâncias medicamentosas que, quando associadas, podem culminar na potencialização de seus efeitos, intensificando reações adversas, principalmente quando associadas ao álcool”.
Ainda de acordo com a defesa de André, ele “tem colaborado com as autoridades para a conclusão das investigações e inexistem indícios de que tenha ocorrido um crime”.
Confira nota na íntegra abaixo:
“A representação técnica do sr. André Vilella, neste momento, só tem a afirmar que as lesão descritas no laudo cadavérico são totalmente compatíveis com a posição em que a médica Sabrina Nonimato foi encontrada (escoriações na parte interna do lábio superior) e com as manobras de ressuscitação realizadas (“fraturas do aspecto anterior do 5º e 6º arcos costais a direita”).
Além disso, não pode ser desconsiderado que foram encontradas no corpo de Sabrina substâncias medicamentosas que, quando associadas, podem culminar na potencialização de seus efeitos, intensificando reações adversas, principalmente quando associadas ao álcool.
André Vilella, viúvo de Sabrina, afirma veementemente não ter qualquer participação em qualquer evento criminoso, logo, descabível qualquer defesa relacionada à acusação por cometimento de crime contra sua esposa. Frisa-se que o mesmo tem colaborado com as autoridades para a conclusão das investigações e inexistem indícios de que tenha ocorrido um crime.
Compreendemos a dor da família e a necessidade de receberem uma resposta com relação à perda de um ente querido, mas é necessário aguardar a conclusão das investigações que estão a cargo de uma das polícias judiciárias mais técnicas do país. Acreditamos em uma apuração técnica e isenta esperando que tudo seja esclarecido de maneira a evitar acusações injustas.”